Na triste hist ria das mis rias de
uma vida, fui o Rei, jogado s tra as
em seu pr prio castelo, acorrentado,
perseguindo vagalumes e palavras
de duas pontas, prontas pra cortar
os fios que movem estas pernas
e fazem o Rei dan ar, esperando o
cadafalso se abrir para conquistar a
exist ncia em tua aten o, quando ao
ar chutar estes ossos, e voc aplaudir.

Quem me ama me abandonou,
quem me protege
deixou entrar a doen a em meu quarto
e quem me quer bem
fez notar a indiferen a
frente a meu corpo
deslizando queda sem fim...

Quem me dera desaparecer
antes de questionar.

"Consentes a esmola calado...
Calado...
Consentes a esmola...
Quem vai cuspir insetos?
Quem vai cuspir insetos?
Meu irm o sim, n o eu...
Meu irm o sim..."

A mim, a palavra n o conforta,
vem sim, da l ngua da serpente
e da inveja, fonte da ru na.
A mim, o bom esquece
e s o mau vem sentar-se a mesa
e ranger os dentes
para roubar toda comida.

A mim, foi erro n o pensar
que esquecer fosse um v cio
e que meus erros viriam para tirar
de mim o que tinha e entregar
queles que cospem na terra
em que meu amor fincou sua ra z.

Quem me ama me abandonou,
quem me protege deixou entrar
a doen a em meu quarto
e quem me quer bem
fez notar a indiferen a
frente a meu corpo
deslizando queda sem fim...

Quem me dera desaparecer antes
de alcan ar o outro lado
da estrada, e perceber que eu,
se fui Rei, fui Rei das chagas,
que o dia exibe como trof u
na cabe a degolada aos plebeus,
erguida ao mundo na estaca
para que possa ver
que o Rei do Nada
sequer teve um nome
para gravar na pedra
e cobrir de flores.